quarta-feira, 28 de dezembro de 2016

epitáfio do ano


Cumpre-se um ano mais.

Na paz do silêncio olham-se os dias...

Entre si, os diferentes caminhos, em quatro estações do ano...

Tantos dias, os que estamos sós, no silêncio do nada.

Tantos dias em que a alma se separa do corpo e voa ao alcance da ilusão...

Cumpre-se um ano mais.

Faz medo olhar o tempo no devaneio dos dias que passam e deixam memórias no aglomerado do pensamento...

Faz medo olhar o vazio, o espaço daqueles que nos deixaram no caminho que antes foi seu...

Um ano mais no sonho que não se cumpriu e em que bocas de uma só língua vibraram no enleio da mentira, no desespero da afirmação, na luta sem tréguas pelo atropelo...

Um ano mais e o mundo continua igual...

Imita-se a si mesmo na chaga que purga e torna incurável a cobiça, a ganancia do homem...

Ninguém abre o segredo da porta em que se guarda,  ninguém renuncia ao amor próprio para ser comum,  um todo da humanidade...

Cumpre-se um ano mais.

As promessas diluídas no tempo fantasiaram e deram cor a votos que não se cumpriram.

Todos fomos cumplices do que acabou sendo uma mentira, na verdade dos dias, na soma dos meses, na conclusão de mais um ano.

Será assim no futuro, no novo ano ou será que as grades e os ferrolhos de cada um abrem-se à vida e sem serem dúbios consagram a realidade dos votos?

Um ano novo nos espera, mais doze meses ditarão a realidade do que se deseja e nem sempre se cumpre.


JVS  -  LEM, Bahia, Brasil, 28.12.2016  -  08.45h


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