terça-feira, 1 de maio de 2012

1º de Maio


Faz hoje anos que, depois de sair do emprego, fui a pé do Saldanha ao Rossio para estar junto dos operários corticeiros, tipógrafos e outros, que aí se manifestavam pelo 1º de Maio, pela liberdade e por melhores condições de trabalho.

Os transportes estavam condicionados e todos os que provinham das zonas do Aeroporto, Calçada de Carriche, Encarnação e Alvalade, terminavam o seu percurso no Saldanha, encurtando, assim, o seu destino aos Restauradores e ao Rossio, de modo a que a PIDE, a GNR e a PSP controlassem a circulação de todos os que pretendessem chegar ao Rossio, local onde se concentravam os manifestantes.

Lembro que no Rossio a multidão era compacta e que perante as palavras de ordem, desencadeou-se uma pancadaria tremenda com as forças da dita “ordem”.

Lembro que mães com filhos foram espancadas pela PSP.

Lembro que levei uma “cacetada” na cabeça de que ainda hoje conservo a “amolgadela”,

Lembro tudo!

Lembro que o carro-cisterna que projectava a tinta azul de modo a marcar os manifestantes deu cabo do fato azul que tanto venerava e que me marcou a pele, obrigando a que estivesse três dias em casa a esfregá-la para que, quando saísse à rua, o azul não fosse visto a PIDE não me prendesse.

Foi há uns anos largos,mas…não esqueço.

Antes e depois do 25 de Abril, vivi muitos outros 1ºs de Maio.

Tantos foram que não me liberto da sua memória, do que sinto e do que nunca deixarei de gritar:

Viva o 1º de Maio
Vivam os Trabalhadores!


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foto de autor desconhecido

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1 comentário:

Unknown disse...

Viva o 1º de Maio, vivam os trabalhadores, sempre!

Beijinho,
Ana Martins