Faz hoje anos que, depois de sair do emprego, fui a pé do
Saldanha ao Rossio para estar junto dos operários corticeiros, tipógrafos e
outros, que aí se manifestavam pelo 1º de Maio, pela liberdade e por melhores
condições de trabalho.
Os transportes estavam condicionados e todos os que
provinham das zonas do Aeroporto, Calçada de Carriche, Encarnação e Alvalade,
terminavam o seu percurso no Saldanha, encurtando, assim, o seu destino aos
Restauradores e ao Rossio, de modo a que a PIDE, a GNR e a PSP controlassem a
circulação de todos os que pretendessem chegar ao Rossio, local onde se
concentravam os manifestantes.
Lembro que no Rossio a multidão era compacta e que perante
as palavras de ordem, desencadeou-se uma pancadaria tremenda com as forças da
dita “ordem”.
Lembro que mães com filhos foram espancadas pela PSP.
Lembro que levei uma “cacetada” na cabeça de que ainda hoje conservo
a “amolgadela”,
Lembro tudo!
Lembro que o carro-cisterna que projectava a tinta azul de modo a
marcar os manifestantes deu cabo do fato azul que tanto venerava e que me
marcou a pele, obrigando a que estivesse três dias em casa a esfregá-la para que, quando saísse à rua, o azul não fosse visto a PIDE não me prendesse.
Foi há uns anos largos,mas…não esqueço.
Antes e depois do 25 de Abril, vivi muitos outros 1ºs de
Maio.
Tantos foram que não me liberto da sua memória, do que sinto
e do que nunca deixarei de gritar:
Viva o 1º de Maio
Vivam os Trabalhadores!
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foto de autor desconhecido
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foto de autor desconhecido
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1 comentário:
Viva o 1º de Maio, vivam os trabalhadores, sempre!
Beijinho,
Ana Martins
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