quinta-feira, 27 de março de 2008

sou o que sou




sou o rumo bastardo, o filho do adverso,

a reacção do petardo, o poema sem verso.



sou o dia cinzento, o olhar que descrevo,

a mágoa - lamento, o luar que escrevo.



sou a ave ferida, o âmago da questão

a ânsia querida, o menino do festão.



sou o mês de Setembro, o dia que engana,

a razão que não lembro, o final de semana.


sou a porta aberta, o sol da esperança,

a seara deserta, o sonho de criança.


sou o que não se rende, o pardal madrugador,

a amarra que prende, o sofrimento da dor.


sou a noite sem o fim, o prazer que entrego,

a doçura do jasmim, o corpo que esfrego.



sou o sol pela fresta, o amor acabando,

a vida que não presta, o homem desabando.


sou o tudo e nada, o cão abandonado,

a tristeza danada, o desprezo clonado.


sou o versejar banal, o caminho sem norte,

a derrocada fatal, o destino da morte.


5 comentários:

Anónimo disse...

...és um poeta! Dos melhores...Beijos e sucesso com o seu blog! Observe que os slides, ficaram em posição que se perde muito das fotos...

Anónimo disse...

Que poemão...Parabéns!

Maria Cristina Nunes Adão disse...

e acima de tudo você é poeta, e dos melhores! quanta coisa linda por aqui, seu blog está ótimo. Adorei sua visita e quanto aos elogios só me deixam feliz e honrada!! beijos

Anónimo disse...

João, pude dar uma espreitada na colectiva de Carcavelos, creio que deve ter sido muito bom participar.Volto com mais calma para ler tudo.Gostei do perfil, dizes o que tens a dizer sem enfeitar.Beijos.Malu

Anónimo disse...

Li e reli este poema. Gosto dele pela diferença e pela força que encerra.