quinta-feira, 30 de outubro de 2008

a noite



a noite...

de fogo de oiro,
de luzes de lua,

tem língua de pedra,
voz de suspiro,
corpo de ninfa...

com ruídos de silêncio,
virilhas de fêmea,
é coito de fuga,
nupcia de estrelas...

a noite...

escuro de enlaços
onde sombras desenham
medos nocturnos...

quinta-feira, 23 de outubro de 2008

"SÓ, SEM TI"... foi há quarenta e quatro anos!!!



Estão a ver este pedaço do cabeçalho do jornal "A Bola"?

Pois bem, neste minusculo pedaço de papel de jornal escrevi a primeira letra para canção.

Escrevi-a há muitos anos.

Tantos que até me parece incrivel que tenha sido...há tanto tempo.

Precisamente no dia 29 de Outubro de 1964!

Era um jovem. Muito jovem, mesmo!

Escrevi esta letra na rua, ali, junto ao Largo de Camões, em Lisboa.

Tinha acabado de tomar café n'"A Brasileira" do Chiado e aceite o desafio dum conhecido para escrever uma letra em Português para um dos "roqueiros" da época e seu amigo.

Fernando Conde, de seu nome, um yé-yé à época, um dos "meninos charmosos" dos espectáculos de rock que se realizavam pelo país.



Fernando Conde, jovem, janota, bem parecido, cantava canções de Cliff Richard, Elvis Presley e Chuck Berry e fazia-se acompanhar pelos "Electrónicos", um conjunto de guitarras eléctricas e bateria.



Levado à presença daquele interprete, ele olhou para letra que era simplicissima e banal, pegando numa viola de caixa logo ali "alinhavou" a musica.

Perguntou-me se gostava.

Nem respondi, tal foi o entusiasmo de, dum momento para o outro, me ter tornado co-autor duma canção.

Refreado o entusiasmo, apercebi-me que, na verdade, a melodia era bonita, romântica, mas contrastava com as canções que Fernando habitualmente cantava.


Ele era um "roqueiro" nato e só no meio das suas actuações cantavas uma ou duas baladas de Cliff Richard.

A canção, "Só, sem ti", assim chamada, foi ensaiada vezes sem conta na garagem da vivenda dum dos guitarristas d'"Os Siderais", em Algés.



Posta à apreciação dos amigos e, sobretudo, das muitas fans que o Fernando tinha, ela foi "mais que" aprovada.

Pode parecer exagero, mas as meninas convidadas a ouvirem os ensaios "deliravam" com a canção.

Algumas chegaram mesmo a chorar de emoção.

(O que, francamente, me deixava "aparvalhado". Desculpem lá hoje-avòzinhas...)

Finalmente, no dia 17 de Dezembro de 1964, no Teatro Capitólio, em Lisboa, a canção foi estreada.

Foi um êxito!

As moças deliraram e eu, bom, eu não queria acreditar no que ouvia e via!

"Atacado" por forte emoção chorei.

Chorei e bastante!

Saí do teatro em lágrimas amparado pelo locutor António Campos, o qual viria a ser um fiel e dedicado amigo.

A canção seguiu o seu curso normal e Fernando Conde, até ao final da sua carreira, nunca deixou de a cantar.

Infelizmente, nunca foi gravada comercialmente.

As gravações que existiam foram feitas pelos antigos Emissores Associados de Lisboa e a canção, para além dos espectáculos, só aí podia ser escutada.

Algum tempo depois, escrevi a versão inglesa e um conjunto de estudantes escoceses incluíu-a no seu reportório.

Chamavam-se: Peter Scotish Group

A pauta da musica, essa, está ali, na gaveta e para além do tempo que a amarelou, é uma feliz lembrança.

Afinal, trata-se da minha primeira co-autoria.

Completa quarenta e quatro anos de escrita e estreada e isso, desculpem, não esqueço.



Para o Fernando Conde escrevi a versão Portuguesa duns quantos rocks, mas "Só sem ti" era "aquela", era a canção de que "elas" gostavam.

O tempo passa, as memórias ficam e esta, está viva.

Guarda-se nos momentos felizes de outros tempos.

Afinal, foi aí que iniciei o meu percurso publico.

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Nota:

Fernando Conde e eu, somos citados em...

quarta-feira, 15 de outubro de 2008

alentejo (cante)




...no Alentejo,

no cante do chão,

no vermelho das papoilas,

haverá sempre suor,

lágrimas no pão.



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dedicado a Fernanda Fontan, Alentejana de Minas de S.Domingos

a Fernanda, mulher do meu amigo Luís, é uma mãe-coragem que com abnegação e espirito de sacrificio tem vivido a vida a cuidar da Joana, filha e deficiente.

este poeminha é uma homenagem simbólica a quem ergue os seus dias como mulher, esposa e mãe.

quarta-feira, 8 de outubro de 2008

la manzana



una manzana...

delicioso fruto
donde se comen las delícias
del amor...

una manzana...

una história,
una leyenda...

el principio de todo.

...donde se olvida la serpiente
y desea...la manzana!