quinta-feira, 12 de novembro de 2009

um calhau rolado...


um calhau...

…polido pelo mar,
jaz e rola
até desgastar…


um calhau,…

…uma simples pedra,
moldada por marés,
cansada e rolada
por tanto revés…



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A propósito deste poema, uma curiosidade...

Em fins de 1966 (há quanto tempo...) um amigo pediu se não me importava de ajudar um jovem Madeirense que, para além de ser funcionário público, em Lisboa, cantava nas horas vagas, tendo já algumas actuações públicas na Madeira e nos Açores. Dias depois conheci esse jovem e prontifiquei-me a ajudá-lo através de conhecimentos que tinha na editora Alvorada. Falei então com o responsável da editora o qual depois de ouvir o dito jovem acordou a gravação comercial com ele. Na fase de escolha do reportório, acordou-se que teríamos de arranjar uma composição que captasse as atenções, não só no título como, também, na letra e melodia.
Alguns dias depois, como ninguém tivesse encontrado inspiração para tal, surgiu-me uma ideia que de pronto apresentei à editora a qual a acolheu de braços abertos, concretizando assim, com essa e outras composições, a gravação do disco.
A canção foi um êxito, o disco vendeu algumas edições e o interprete viria a ter o
seu lugar no panorama da musica ligeira portuguesa.
A canção, com letra e musica de minha autoria, tinha por título "COMO UM CALHAU ROLADO". Dei-lhe este título devido ao facto de gostar, particularmente, da composição de Bob Dylan, "Like a rolling stone".
O interprete chamava-se GABRIEL CARDOSO, para desgosto das suas inumeras fans faleceu em 8 de Fevereiro de 2000 e "Como um calhau Rolado", para além da amizade que entre nós perdurou, foi a única composição que escrevi para si.


Eu e Gabriel Cardoso autografando calhaus
-Recorte da revista "Estudio"-


Almoço com Gabriel Cardoso em Papagovas (Lourinhã), a última vez que estivemos juntos e falámos sobre projectos futuros.

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29 comentários:

Unknown disse...

Que poesia mais gira, concreta e breve e referida a algo que bem pode ser uma metáfora de nossas vidas...

Um abraço

Angela Ladeiro disse...

Boas recordações, João. O poema de grande simplicidade atrai a leitura e faz pensar...

Martinho da Silva disse...

Um poema que de tão breve nos obriga a pensar.É a vida e as suas vicissitudes que encontramos em palavras breves e sucintas.Como sempre, você é imaginoso.Depois do poema mais uma curiosidade do passado.Que vida mais preenchida,não?Abraço

La Lola disse...

Es como la vida de alguno de nosostros. Precioso¡¡¡¡¡
Gracias por visitarme.
Un gran abrazo

Agulheta disse...

Olá João!Gostei do poema"como um calhau rolado"o que nem sempre o é,e ainda bem que fala no Gabriel,tive o prazer de o conhecer no Porto minha cidade,hoje não moro lá,mas vou lá algumas vezes,como o conheci?Uma história linda,tenho uma irmã que adorava cantar e cantou num espetáculo com ele,embora amadora mas o fazia com grande profissionalismo,hoje já não o faz.
Agradeço a visita ao blog.
Beijinho Lisa

Paula Santos Silva disse...

Que saudades de vocês,meus amigos.Infelizmente o gabriel já partiu.Que Deus o guarde.A si,com o charme e o talento de sempre desejo as maiores felicidades.Beijos

Paula disse...

Adorei ler a história por trás do poema...
Aliás, acho que há sempre algo que justifique o que se escreve.
Como sempre, Lindo!!!
Um grande beijo

Madalena disse...

:') viva a amizade e o resto é conversa!!! * beijinho

Anónimo disse...

Gostei do poema,do título,de voltar aqui.Obrigada pela sua visita de q.gosto sempre.
Beijo.
isa.

tulipa disse...

Como gosta de ARTE (fotografia neste caso) decidi fazer-lhe um desafio...
Espero que aceite!

Felizmente que não é só nas grandes cidades que se nota, nos últimos tempos outra dinâmica, uma outra forma de fazer cultura.
Desta vez será em ALPIARÇA, na sua Biblioteca Municipal.

Vou montar outra exposição de fotografia.
A exposição procura divulgar o que vivenciei pelos caminhos da Índia. Tendo como ponto de partida a fotografia, faço uma reflexão através do tempo sobre imagens que descrevem a solidão dos povos e o significado do seu sofrimento bem como da sua alegria envolvida pela pobreza de géneros necessários à sua sobrevivência, a par da solidariedade e esperança de uma justiça digna.

Aos poucos vou conseguindo aquilo que quero, ou seja, esta EXPOSIÇÃO está aberta aos sábados de tarde, para proporcionar às pessoas que trabalham a oportunidade de a visitar numa tarde de sábado.

Fica o convite para a inauguração no próximo sábado (amanhã), dia 21 de Novembro, pelas 14h 30m.

Conto com o apoio de todos os que me têm acompanhado ao longo deste tempo, na blogosfera.

As suas fotos estão excelentes.

Ângela disse...

Oi João!!!
Muito interessante mesmo sua maneira de escrever, achei formidável a historia desta poesia.
Um grande abraço, e tenha um ótimo fim de semana.
Ângela

São disse...

Embora não fosse fã, lamento a sua morte em idade ainda tão jivem.

E da irmã dele, sabe alguma coisa?

Uma noite repousada.

Alda disse...

Olá João,
A amizade é maravilhosa... É tão bom ter boas recordações! O poema é simples, mas muito bonito!
Bom fim de semana!
Bjs

Desnuda disse...

João,

belíssimo poema. A vida...

Belas recordações, João! Gostoso partilharmos destas recordações.


Carinhoso beijo

maria claudete disse...

O que importa é o que você conseguiu com o "calhau rolado"- êle conseguiu no seu tempo burilar, polir o que rolava no seu caminho, e, você como partícipe deste projeto de vida cumpriu sua missão. Abraços.

Linda Simões disse...

João


Uma pedra moldada por marés fica cada dia mais bonita...


Muito bonito o teu blog. Respira ARTE!Gostei imenso da exposição de pintura, " O Equilibrista" me conquistou.

Parabéns.


Obrigada pela visita e comentário.

Graça Pires disse...

Gostei muito do poema e da história a ele ligada.
Beijos.

Gata Verde disse...

Lindo!

Maria Emília disse...

Como são belas, João, as pedras roladas.
Obrigada pelas palavras que deixou no talqualsou. Assim, tive oportunidade de vir conhecer o seu blog.
Um abraço,
Maria Emília

BC disse...

Como tão poucas palavras nos dizem tanto.
Obrigada pela suas elogiosas palavras, há muito que não nos víamos.
Abraço
Isabel C.

Teresa Novais disse...

Meu querido amigo João,uma surpresa encontrar o teu blog.
O tempo passa,deixa as suas marcas,aviva-nos a memória - como é o caso ao ler esta história.A tua simpatia, o teu talento marcaram a vida de muitos jovens, como é o meu caso.Lembro os teus recitais de poesia na Sanzala e as tuas canções no Capitólio e no Eden.Fico feliz por encontrar-te e saber que continuas a exprimir o teu talento,a tua arte.Beijos com muito carinho da amiga Teresa Novais

Elvira Carvalho disse...

Não me lembro da canção, mas recordo-me do Gabriel Cardoso.
O poema é bonito e a história de amizade que o catapultou para a ribalta, é bem mais do que bonita.
Um abraço e tudo de bom

Vox Maris disse...
Este comentário foi removido pelo autor.
Je Vois La Vie en Vert disse...

Gosto muito do poema tal como gosto de pedras.
Agradeço o teu comentário no meu cantinho verde e fiquei lisonjeada pela tuas palavras.
Um só pequeno detalhe, sou belga de língua francesa e não francesa.

Um abraço

Verdinha

Fernanda Ferreira - Ná disse...

Caro João,

Se não nos conhecíamos, agora fiquei a conhecer melhor quem me visitou no Diverse Texts and Stories.
Muito obrigada.

Estão aqui como comentadores e seguidores muitos dos meus amigos do Sempre Jovens e Na Casa do Rau.

Gostei muito do seu poema e dos factos relatados.

Abraço

Ailime disse...

Caro amigo,
Que bom ter recordado desta forma tão sublime o cantor Gabriel Cardoso de quem durante algum tempo também fui sua fã!
Grata por esta partilha tão digna.
Um beijinho.
(P.S. Agradeço a gentileza da sua visita ao meu cantinho).

Leonor disse...

o poema é lindo. curto, mas está lá tudo
(e a história por trás não o é menos)

Boa semana!

Ana Casanova disse...

Gostei da história, do seu poema e achei muito original os autografos nas pedras.
Obrigado pela partilha.
Beijinhos João.

O Fantasma da Ópera disse...

Oh! caro João, ando a revistar o seu blog e que surpresa.
Gabriel Cardoso
Em 66/67, estávamos todos no Máxime, ainda me lembro de uma que ele cantava "que vá tudo para o inferno" (do R. Carlos), depois veio o Valério Silva com o seu "Born Free". Acredita que estou quase a chorar????