Capa da edição

Eu sei que pode parecer vaidade, mas...(há sempre um "mas" na minha vida...) não resisto a escrever e editar algo que me dá muita satisfação.
Vou "falar" sobre uma canção que compus há anos atrás. A sua história é esta...
Convivia eu com os meus amigos angolanos Henrique Rosa Lopes e Rui Legot, elementos do Duo N'gola quando me predispus a criar algo que pudesse ser interpretado por eles.
Habituado desde muito jovem a conviver com naturais das ex-colónias, com eles conheci alguns dos ritmos nativos de África. Um dia, inesperadamente surgiu na minha mente um ritmo bem sincopado e que tudo tinha a ver com o balanço da musica africana.
Para ele escrevi uma letra extremamente simples, salpicada com algumas palavras do dialecto quimbundo. "Alinhavada" a composição, baptizei-a de Mona Kilumba (menina,menina) e corri ao encontro dos meus amigos do Duo N'gola que fazim "poiso" na Pastelaria Tarantela, na Estefânia, em Lisboa.
Aí, à mesa da pastelaria, trauteei a canção, sendo enorme a surpresa dos meus amigos, dizendo tratar-se duma genuína melodia africana.
Dias decorridos, depois de alguns ensaios a canção era gravada em disco e apresentada na TV.
O agrado foi geral e o disco esteve largas semanas na parada de vendas em Angola. Fez o seu caminho e tempos depois voltaria a ser gravada por Aurélio Perry, à altura, famoso interprete do Porto.
Decorridos tantos anos, sou, agora, agradávelmente surpreendido por Mona Kilumba ser reeditada, fazendo parte duma bem apresentada colectanea, em livro, como “As 100 grandes musicas dos anos 60 e 70” de Angola.
A esta distinção acresce a particularidade de ser o único autor incluído nessa colectanea que não nasceu, nem nunca esteve naquele país.
Anos volvidos e depois duma carreira triunfante, o Duo N'gola terminou a sua actividade artistica, não sem que antes voltasse a gravar um poema de minha autoria (Euridice) com musica de Henrique Rosa Lopes.
Henrique Rosa Lopes, inpirado autor-compositor de temas como "Angola" e "Angolê, Angolá", retirou-se da vida artistica, vivendo, hoje a tranquilidade duma vida agitada, Ruy Legot, prossegue a sua carreira como musico, agora, em Paris.
...E fica contada a história de Mona Kilumba, uma composição negra escrita por um Lisboeta.
Entretanto, no merengue da palavra, duas opiniões sobre AS 100 GRANDES MÚSICAS DOS ANOS 60 E 70 de Angola...
"Este é um tesouro sonoro que, felizmente, foi salvo do esquecimento. Um património angolano que solidifica o passado conjunto de dois países. Imperdível para qualquer nascido / criado naquelas terras. Obrigatório para quem pretende conhecer a música de um país que continua a marcar o ritmo dos nossos corações."
- Paulo Salvador
"Esta é a banda sonora dos últimos anos da época colonial em Angola. Brilhante anúncio de um futuro musical que ainda não chegou - mas está próximo. Angola vai ser, muito em breve, uma das grandes potências musicais do continente africano. Não será possível compreender esse futuro sem conhecer este passado. Não há dúvida alguma, olhando para trás, que o melhor daqueles anos foi a música."
- José Eduardo Agualusa
.................................
Transcrição de excerto da muita informação que "circula" na internet sobre esta edição:
"Este é um tesouro sonoro que, felizmente, foi salvo do esquecimento.
Um património angolano que solidifica o passado conjunto de dois países.
Imperdível para qualquer nascido/criado naquelas terras.
Esta é a banda sonora dos últimos anos da época colonial em Angola.
.................................
Lembrança...
Ao recordar "Mona Kilumba" quero deixar uma palavra publica de saudade ao Tony Tavares, meu amigo-irmão, negro de Angola, companheiro de tantas farras que me acompanhou desde os dez anos de idade até ao final da sua vida.
Hoje e sempre, os amigos não o esquecerão!
.................................
Aqui pode ouvir o Duo N'gola em Mona Kilumba...