quarta-feira, 14 de maio de 2008
foi há quarenta anos, não esqueço!
Foi há quarenta anos…
Aquele Maio tão rubro e tão protestante que assolou a quietude de alguns, florescendo na revolta de outros…
Lembro bem o quanto devorava as noticias que chegavam de Paris…
Lembro os abutres pidescos que pairavam pela Brasileira do Chiado na escuta permanente do que se dizía sobre as noticias que partilhávamos escutando a BBC…
Aquele Maio, foi Maio como nenhum outro.
Trepidante, galvanizador…
Como bebíamos os “atrevimentos” do vermelho Cohn-Bendit, como a sua voz “megafonizada” ecoava no íntimo da malta nova…
Paris sofreu um tremendo tremor de terra e as ondas de choque chegaram a todo o mundo…
Aquele 7 de Maio de luta brava no Quartier Latin ficará para sempre na memória de quem a viveu e, distante, leu o seu relato…
Aqui, longe de tudo, sem autorização de obter passaporte, viajar para fóra de portas, como eu vibrava… como vibravam os intelectuais do Chiado, a malta de Belas Artes, do Conservatório, os mais velhos do Passos Manuel…
Foi o máximo!
A “rapaziada” da António Maria Cardoso sempre atenta e vigilante andava numa “fona” procurando a quem podia lançar a “luva”…
Entrava na Sá da Costa na mira de encontrar algo que pudesse “abarbatar” ou mesmo fingindo interessar-se por qualquer novidade literária, quando na verdade, de ouvido alerta, apenas queriam ouvir o que se dizia e quem dizia, na ânsia de apresentar serviço e “engavetar” uns quantos mais…
Maio de 68..
Esfomeado por lutas e por uns quantos gritos de liberdade, eu "estava" lá estando aqui!
Foi há quarenta anos,não esqueço!
Lembro, hoje, de memória viva, com o sentimento de sempre!
*fotos de autor desconhecido retiradas do YouTube
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25 comentários:
Poucas as palavras na força da lembrança. Sentimentos avermelhados que a memória e o homem trás vivos. Muito bom. Gostei imenso de ler e ouvir as suas memórias musicais. Um abraço de amizade
Fascinante, o que nunca mais foi igual! Origem-embrião de tantas lutas novas... Gostei muito de ler!
Em Coimbra, a Universidade tinha cães e polícias: era preciso apresentar o BI para entrar.
Houve quem não entrasse...e a sua vida nunca mais foi igual.
É só um desabafo da memória.
Abç
João, que bom receber sua visita em meu cminho.
Volte sempre.
Seu espaço é todo história!
Obrigada novamente pelo passeio que fez no meu espaço.
Bjs.
Obrigada pela visita.
Parece que um novo Maio não fazia mal nenhum!!
Como vi que a sua área são as artes, vá lá espreitar um blog dum amigo meu: as aquarelas do Tó.
Vai gostar!
Adorei o seu texto.
O modo como aqui deu vida a memórias do passado.
Sinto a vida como sendo a soma dos dias, sendo que os dias são a soma de momentos. Logo, tem que haver um passado que carregamos em nós, que nos é indissociável... a nossa história, sempre ligada à história de tudo o que nos rodeia.
Entendo este post como um pedaço dessa história.
Abraço
Muito bem montado o seu blogue. Muito bons os seus textos.
Todos são uma maravilha.
Abraço
Revivo nas tuas palavras uma revolução que não conheço, na prática. Nasci em um perído calmo, pacífico demais, onde tudo é ridicularizado e não temos mais voz para lutar.
Gostaria de poder gritar ainda meus direitos, de olhar para meus colegas e perceber neles a revolta das injustiças sociais.
Sinto-me meio sozinha, ainda nessa luta.
Obrigada por visitar-me.
Espero poder passar aqui mais vezes.
Abraços.
EU vivi esse Maio. A juventude e + 2 filhos pequenos, não me deixaram gozar convenientemente o momento! Gosto de ler o que os outros transmitem do que sentiram. João, agradeço ter-me incluído no grupo dos amigos.
Já li a respeito!
Obrigada pela sua visita!
Beijos
gostei muito de lê-lo...
nesse maio eu era "mínima"...
um sorriso :)
O Maio que nos ajudou a acordar!
Muito bem.
Obrigada pela visita, que me possibilitou conhecer este espaço.
Épocas que mudaram o mundo.
E agora é interessante ver o percurso de muitos percusores desses movimentos. A começar pelo próprio Cohn-Bendit.
Excelente post de uma época que vivi e da qual não me apercebi na altura, pois estava em África, e a tal "rapaziada" vigiava para que informações dessas não chegassem tão longe. Talvez pressentissem que não andaria muito longe o basta dos militares.
Um abraço
há momentos que não devem ser esquecidos
beijos
1968 foi muita coisa, até teve Maio em França...
Saudações.
Foi há quarenta anos...
Ainda se lutava por ideais políticos, agora que política já não se faz com ideais, o que também pode ser uma mola para um ideal...confuso??
Como diz Cohn-Bendit no seu livro, ...esqueçam o maio de 68 que o mundo já não é o mesmo.
Vim agradecer a sua visita ao Excertos do Olhar (só agora vi o seu comentário :( )
Voltarei para me demorar mais a aprecia-lo.
Um abraço
solidário
com a sua nostalgia :)
Não o vivi, mesmo ao longe.
Só sei que foi nesta altura que um grande amigo e colega foi preso.
Foi a partir daí que comecei a gostar do mês de Maio.
Hoje á distância, sei que era um zero e nada sabia da vivência.
Até nem posso precisar se foram os primeiros passos no MUD, ou se já era o MDP.
Foi o Maio de 68 que me lançou na vida ...
Não esqueço a prisão do meu colega e não só, mas ele marcou-me, não sabíamos dele, (nem os pais), nos primeiros tempos.
Diziam que não estava preso e a mãe acreditava que ele tinha ido para a Argélia.
Só o vimos quando perdeu o ano ...
Tempos malditos!
Um relato histórico, vivido na primeira pessoa, que gostei muito de ler.
Eu era apenas um bebé.
Adorei descobrir o seu espaço. Deveras interessante.
Li e reli. Abraços d´A SEIVA e do EU, SER IMPERFEITO.
Bela postagem, e belo blog
Beijos
Cris
Bem...Eu não vivi e não conhecia o fato, mas, dado o seu entusiasmo e a maneira como descreveu os acontecimentos, devem ter sido muito importantes! Parabéns pelo texto!
Beijos e muita luz...
Passei por aqui. Na ausência de novidades, deixo o meu abraço e votos de boa semana
olá_________João
.ler
quem recorda
pois________viveu
.é de uma grande riqueza______para mim
.e penso que o será para toda as pessoas
que não "viveram" como eu______essas "datas"______a idade não dava_____para entender
obrigada pela partilha:)
beijO____C____carinhO
Podes crer que foi um maio quente..vivo ca, não em Paris, mas por ca.
desculpa esta ousadia de entrar sem bater a porta, so que a vi aberta e entrei...
Um abraço
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